Últimas palavras de adolescente agredido em escola foram sobre o medo dele morrer, diz pai

  • 20/04/2024
(Foto: Reprodução)
Carlos Teixeira morreu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias na Santa Casa de Santos (SP). Pai diz que menino sofria bullying de colegas em Praia Grande (SP). Menino que morreu após ser agredido pelas costas em escola relata dor aos pais As últimas palavras de Carlos Teixeira, o estudante de 13 anos que morreu após os colegas pularem sobre as costas dele dentro da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande (SP), no litoral de São Paulo, foram sobre o medo que ele tinha de morrer. A informação foi confirmada ao g1, neste sábado (20), pelo pai do menino, que o acompanhava no hospital. ✅Clique aqui para seguir o canal do g1 Santos no WhatsApp. "Meu filho disse que tinha medo de morrer na hora que ele estava morrendo [...]. Eu falei que o pai estava do lado dele e ia dar tudo certo, só que no final aconteceu uma tragédia", afirmou Julisses Fleming, de 42 anos. O adolescente morreu após sofrer três paradas cardiorrespiratórias na terça-feira (16), enquanto estava internado na Santa Casa de Santos (SP). O jovem precisou de atendimento médico após as agressões na escola, que aconteceram no dia 9 de abril. Julisses contou à equipe de reportagem que no hospital, mesmo com fortes dores nas costas e dificuldades para respirar, o menino agradecia aos médicos e a Deus. Minutos antes de Carlos morrer, no entanto, o homem contou ao g1 que precisou acalmá-lo. O adolescente passou a dizer repetidamente que tinha medo de partir. "Me sinto acabado e destruído", afirmou o pai. Família pede justiça Emocionado, Julisses disse perdoar os estudantes que machucaram o filho dele. Em entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada à Globo, o homem também relatou a indignação pelas agressões sofridas pelo filho dentro da escola. "Os meninos que machucaram meu filho, que fizeram bullying, eu perdoo de coração. Não quero mal nenhum, nem sangue com sangue. Mas quero justiça. O que aconteceu hoje com o meu filho, amanhã pode acontecer com outros filhos. Isso que está me matando", desabafou ele. O homem acrescentou que a morte de Carlos "tirou um pedaço" dele, da esposa e da irmã do menino. "Quero a justiça dentro da lei. Sobre a escola, quero que os diretores e professores que viram [as agressões] sejam penalizados também. Isso não aconteceu de agora, mas sim, há tempos". Carlos Teixeira, de 13 anos, foi agredido por estudantes em Praia Grande (SP) Arquivo Pessoal Secretaria de Educação Em nota, a Secretaria de Educação do Governo de São Paulo (Seduc-SP) informou que repudia toda e qualquer forma de agressão e de incitação à violência dentro ou fora das escolas. A Seduc ainda afirmou que lamenta profundamente a morte do estudante. "A Diretoria de Ensino de São Vicente instaurou uma apuração preliminar interna do caso e colabora com as autoridades nas investigações". A Prefeitura de Praia Grande disse que lamenta profundamente a ocorrência com um aluno da Escola Estadual Júlio Pardo Couto, no Bairro Nova Mirim. A Administração municipal se solidariza com os familiares e amigos do jovem. A Prefeitura solicitou junto a secretaria de Estado uma apuração completa dos fatos, já que a unidade de ensino é estadual. A administração municipal explicou ainda que também já está analisando todos os procedimentos adotados no atendimento efetuado no pronto-socorro da cidade. Entenda o caso Carlos Teixeira morreu na terça-feira (16), na Santa Casa de Santos. O pai afirmou que o filho era saudável e acredita que a morte aconteceu em decorrência da agressão sofrida. Segundo apurado pelo g1, o caso foi registrado na Polícia Civil e a causa da morte ainda está sendo investigada. Julisses afirmou que os médicos disseram que a suspeita era de que a causa da morte seria uma infecção no pulmão. Em nota, a Santa Casa de Santos confirmou a transferência da UPA Central, mas disse não ter autorização para dar mais informações sobre o caso. O g1 teve acesso à declaração de óbito que vai servir como base para o atestado, que leva de 30 a 90 dias para ficar pronto. No documento, a causa da morte consta como broncopneumonia bilateral, um tipo de inflamação nos alvéolos, estruturas dos nossos pulmões responsáveis pela troca de oxigênio com o sangue. Vídeo mostra adolescente sendo agredido em escola no litoral de SP O estudante sofria bullying com frequência e já tinha sido agredido em outras oportunidades. Um vídeo obtido pela equipe de reportagem mostra um dos episódios em que o garoto foi vítima dentro da unidade escolar (assista acima). Médicos Antes da declaração de óbito, a pedido do g1, os médicos clínicos Carlos Machado e Marcelo Bechara analisaram o caso com base nas próprias experiências profissionais e nas informações passadas pela equipe de reportagem. Ambos afirmaram que o excesso de peso nas costas pode ter levado a um trauma -- lesões causadas por um evento traumático externo ao corpo e que acontece de forma inesperada. De acordo com Carlos Machado, o trauma pode ter sido uma fratura ou esmagamento da vértebra na coluna cervical, torácica e até na costela. "Se ele estiver com uma dessas lesões, [...] podia estar furando o pulmão, o que dificulta a respiração e, respirando menos, faz com que tenha secreção acumulada, que é uma infecção pulmonar", afirmou o profissional. Marcelo Bechara acrescentou que, pelo mesmo motivo, ocorre uma parada cardiorrespiratória. "O excesso de peso nas costas podem ter levado a um trauma que pode levar a um pneumotórax [...], [quando] o pulmão não consegue ventilar e uma hora chega a parada cardíaca mesmo", disse ele. VÍDEOS: g1 em 1 minuto Santos

FONTE: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2024/04/20/ultimas-palavras-de-adolescente-agredido-em-escola-foram-sobre-o-medo-dele-morrer-diz-pai.ghtml


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